A história do Nordeste é pontilhada de acontecimentos místicos tendo alguns deles provocado reações violentas como a Guerra dos Canudos, Caldeirão, Pau de Colher e Juazeiro do Padre Cícero. Nesses episódios, um tipo misto de curandeiro, taumaturgo e místico que ora representava a Igreja oficial, ora recebera a suspensão das suas ordens eclesiásticas por acentuar o seu caráter ascético e místico, era quem os camponeses depositavam sua crença e consideravam um interercessor junto aos poderes celestes. Nordeste 1969. O frade capuccinho franciscano Frei Damião de Bozzano, objeto de culto popular, chega à cidade de Taperoá, na Paraíba, para uma das suas costumeiras missões sertanejas. Um clima de festa e contrição o aguarda pois sua vinda fora anunciada pelos cantadores das feiras e mercadores da cidadezinha. Os aflitos aguardam-no para remediar os seus males e os impuros para a purgação dos seus pecados. Frei Damião cria uma atmosfera de místico envolvimento; realiza curas milagrosas, algumas delas simples e ingênuas como o próprio povo sertanejo. Revive-se, então, o clima do beatismo, do fanatismo exarcerbado, resultante, em grande parte, da atividade da própria Igreja ou do próprio frade. Mas quem é Frei Damião, o que fala, pensa e diz? E como são aqueles que nele acreditam? Analisando o comportamento do povo, a literatura oral sobre os milagres, as pessoas que julgam ter alcançado curas e comparando e discutindo com o próprio frade tais fatos, o filme apresenta um caráter antropológico excepcional que documenta em sua verdade uma interessante faceta do nordeste místico.