O artista plástico chileno Jorge Selarón, radicado no Brasil há mais de vinte anos, fala da sua paixão pelo Rio de Janeiro, samba, futebol, favelas e pela sua obra interminável, a intervenção urbana denominada "A grande loucura". O filme é também uma homenagem ao "Programa Abertura" do cineasta genial Glauber Rocha, pois este é incorporado por um ator que assume sua personalidade explosiva e é o principal entrevistador de Selarón. Selarón alça vôo e se pơe em um plano mítico na altura de um Picasso e Salvador Dali, e ainda levanta polêmicas em seu discurso crítico e afiado, como a questão da fama, e o trabalho constante como sendo algo essencial ao aprimoramento do homem e dos artistas. Há uma citação no filme que diz: "viver na favela é uma arte, ninguém rouba, ninguém escuta, nada se perde, manda quem pode e obedece quem tem juizo" descrita em várias obras do artista Jorge Selarón. O pintor ainda retrata obsessivamente as favelas e uma negra grávida, que é marca registrada de seu trabalho, sempre com comunidades ao fundo, repleta de lages e meninos alegres soltando pipa, representando ludicamente a cidade do Rio de Janeiro como uma grande favela. Um filme independente que fala sobre um artista independente. Realizado com apenas uma câmera, recursos e equipamentos dos realizadores, como também é a obra emblemática de Jorge Selarón.